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Tecnologias de captação de energia nos oceanos prometem redesenhar o cenário mundial de geração de eletricidade

Muitos chegaram a duvidar, mas a geração de eletricidade a partir da força dos oceanos desponta como horizonte tecnológico cada vez mais tangível. Em uma civilização viciada em petróleo – e talvez na iminência de uma crise energética – analistas garantem que é imperativo diversificar as matrizes. E são os mares, atualmente, que atraem olhares atentos da comunidade científica. Pois eles são fonte praticamente inesgotável de energia elétrica limpa e de baixo impacto ambiental. Mas como?

São diversos os métodos para se utilizar a energia dos oceanos na geração de eletricidade. Uma das técnicas mais bem cotadas é o aproveitamento das correntes oceânicas. O princípio é simples. Assim como uma turbina eólica é movida pela força dos ventos, uma turbina submersa nos oceanos pode ser alimentada continuamente pela força das correntes marítimas.

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Também as ondas do mar podem gerar eletricidade. E várias tecnologias já foram desenvolvidas para esse propósito. A maioria fundamenta-se na instalação de estruturas flutuantes na superfície das águas, sejam costeiras ou não. Com o balanço do mar, boias acionam sistemas mecânicos que, acoplados a geradores, produzem eletricidade. Essas boias, em regiões litorâneas, podem ser ligadas ao continente, ou, em regiões mais distantes, ancoradas no leito oceânico. Outra possível maneira de se aproveitar a força das ondas é instalar compartimentos flutuantes na superfície das águas – com o movimento, o ar interior desses compartimentos pode sofrer variações de pressão e mover assim turbinas e geradores.

Há outro método de captação da energia dos oceanos, já conhecido há tempos, baseado na variação das marés. Um reservatório de água salgada é enchido durante as fases de maré alta. E, durante as fases de maré baixa, aproveita-se a força da queda d’água para movimentar turbinas – é exatamente como uma usina hidrelétrica, mas alimentada não pelo represamento de um rio, e sim pelo ciclo natural das marés.

E técnicas alternativas não faltam. A maioria delas, porém, está ainda em fase conceitual. É possível, por exemplo, criar membranas aptas a gerar eletricidade pela diferença de salinidade no encontro das águas de um rio com as do mar. Fala-se também em geração elétrica por variação de temperatura: águas profundas são frias; e, se bombeadas para a superfície, encontram águas mais quentes. Se tal diferença de temperatura for superior a 20ºC, pode ser usada para gerar eletricidade.

Horizonte tecnológico 
Energia oceânica ainda não é um conceito dos mais populares. “Mas de tempos em tempos esse assunto retorna à pauta; e, quando retorna, é com cada vez mais força”, comenta o engenheiro Segen Estefen, professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Dessa vez foi na Nature. Na edição de 17 de abril, o periódico (v. 508, 2014) trouxe um panorama global do estado da arte na pesquisa científica sobre geração de eletricidade a partir da força dos mares: “O oceano pode tornar-se uma fonte energética mais benigna que o próprio vento”, cogita-se na reportagem. “Em teoria, os mares podem fornecer energia para todo o planeta sem emitir nenhum tipo de poluição atmosférica; e são geograficamente convenientes, uma vez que 44% da população global vive em regiões costeiras.”

Os argumentos são bons. E o mundo desenvolvido parece ter despertado para a ideia: Inglaterra, Escócia, Irlanda, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Dinamarca, Suécia, Japão, Coreia do Sul… Numerosos países já exibem pesquisa pujante na área.

É uma corrida tecnológica – e os vencedores triunfarão com novas patentes e sofisticados processos de geração, que, em escala comercial, movimentarão um mercado bilionário em um futuro não muito distante.

Mas ainda é cedo. Apenas recentemente os projetos deixaram de pertencer ao plano da utopia e passaram a fazer parte de uma realidade experimental. “De fato, todos os protótipos já existentes permanecem em fase pré-comercial”, lembra Estefen. E são poucos: no mundo todo, não há mais que duas dúzias de protótipos sendo construídos ou aperfeiçoados.

Via Ciência Hoje

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